A Insustentável Leveza da Ponte
Refiro-me à famosa Ponte da
Fraternidade que separa a cidade do Seixal da Amora.
O que está a acontecer começa a ser
um tema recorrente e que se pode vir a tornar muito quente.
Em vésperas das Eleições
Autárquicas, do passado mês de Setembro de 2013, a Câmara Municipal do Seixal decidiu
efectuar uma curiosa “cirurgia” na Ponte: inventou duas mini-faixas para
ciclistas ao longo da mesma, mini-faixas essas que, curiosamente, nascem e
morrem, exactamente, no início e no fim da Ponte. Só visto! Entretanto, passaram
seis meses sobre esta “cirurgia” rodoviária, Cirurgia esta efectuada com a “anestesia”
da promessa do futuro Passadiço ou Acesso Pedonal e Ciclovia. O que é que nós
vemos hoje? Em horas de ponta, concretamente, períodos da manhã e tarde, filas
imensas de carros, por um lado, e esporádicos ciclistas, por outro. É olhar
para a Avenida Afonso Costa, em que, por vezes, digo vezes demais, a fila chega
à Marcos de Portugal, quase ao Centro de Emprego.
Quando, na Assembleia Municipal, abordei
este tema, a resposta sobre a construção do Passadiço foi pouco esclarecedora e
ainda hoje continuo a saber que nada sei!
Ora, uma simples observação
empírica constata esta evidência espacial: passando a ponte de quatro faixas de
circulação, duas em cada sentido, para duas faixas apenas, uma em cada sentido
e a ponte, naturalmente, passa a ser um funil.
Mas eu não estou aqui para discutir
o óbvio! O óbvio constata-se, não se discute!
Eu estou aqui para ver se convenço a
Câmara Municipal do Seixal a deixar de ser olimpicamente teimosa e tomar medidas cautelares e alternativas,
enquanto não chega o tal Passadiço, qual D. Sebasteão numa manhã de nevoeiro...
Já agora: a referência ao “olimpicamente”
tem a ver com a recente atribuição de uma Menção Honrosa ao Seixal, por parte
do Comité Olímpico Português.
Por outro lado, a Câmara disse que
existiam alternativas de circulação, contudo, li e reli, atentamente, todos os
números do Boletim Municipal publicados desde então e, nem uma só linha de
aviso aos munícipes quanto a sugestões ou itinerários alternativos.
A obra, que é um autêntico
imbróglio, está ali e, entretanto, os utentes da Ponte questionam-se acerca do
futuro, enquanto sofrem no presente!
Também a questão ambiental, mais
concretamente, a qualidade do ar sofre com esta “cirurgia”: alguém já pensou
que centenas de carros em redor da ponte no “pára arranca” é muito pouco
recomendável para a qualidade do ar neste nosso “Seixal Saudável”?
Caramba! questiono-me se tanta
teimosia que não permite à Câmara ver que, um destes dias, esta cegueira poderá
fazer germinar uma Comissão de Automobilistas Indignados ou que, lá para os
lados da Ponte da Fraternidade, se ouça uma palavra de ordem do tipo: “O Povo
está cansado, queremos duas faixas para cada lado”
E, por fim, não se esqueçam que,
muitas vezes, um micro erro de gestão, neste caso, cirúrgico, pode
transformar-se num macro erro político.
3 de Abril de 2014
José Geraldes Ramos
Eleito pelo PS na Assembleia
Municipal do Seixal
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